domingo, 13 de novembro de 2011

hOjE fOi aSsIm

Hoje foi assim: deixei minha filha na casa do pai dela, tinha sol acompanhado de um vento primaveril e, eu comigo mesma, resolvi colocar os pés no chão.
É incrível como passamos dias sem colocar os pés no chão! Sempre com sapatos ou até descalços, mas no piso frio da casa, no assoalho dos quartos, no alto de andares...
Hoje eu precisava aterrar! Mexer os dedinhos! Caminhar na terra e na areia de praia!
Opção: ir direto pro clube onde tem terra e areia a vontade, onde tem pássaros cantando, barulho de água corrente, peixes e árvores, silencio de domingo e, claro, é cercado.... sim absurdamente  precisamos de segurança para colocar os pés no chão!!
Para simplesmente tirar os tênis e as meias e caminhar de pés descalços. ...
Mas era uma necessidade vital. Sabem como é? Quando nada é mais importante do que caminhar de pés descalços? Bem, eu sou assim. Preciso disso.
Assim como preciso olhar o mar algumas vezes por ano.
Necessidade básica de não enlouquecimento.
Adoro olhar longe, adoro mato, mas mar é outra coisa.... mar é mãe, é luz, é vida pulsante, iemanjá, imensidão, é tudo.
Hoje não podia ir tão longe. Então fui caminhar na metragem quadrada de areia de praia que tem no clube. Sentei, deitei, fechei os olhos e fui até a praia.
Fui ficando ali... meditando, organizando as idéias, tentando aterrar e aterrizar os pensamentos e os quereres, depois de algum tempo abri os olhos. A areia quente e o sol alto me avisavam que já eram 13h e eu tinha que ir, amigos me esperavam.
Enquanto calçava os tênis, me dei conta que havia ficado num quadrado do tamanho de uma quadra de vôlei de praia por um bom tempo. Enquanto eu tentava me organizar por dentro, um quadrado me dava o limite por fora.
Logo eu que adoro transitar por fora do quadrado, havia me deliciado por dentro de um J
Deliciosamente fiquei sentada mais alguns minutos, do lado de fora do quadrado, percebendo o que havia ali para entender nesta história enquadrada..
Resolvi, então, que já era hora de escrever novamente por aqui e agora, já noite, sento para digitar e dividir minhas divagações limitadas pelos quadrados que carrego em mim.
O que me levou a não escrever mais, foi  viver mais!! Vivo há meses de forma tão intensa que não sobram palavras. As deixo nas ruas, nos amigos, nas vivências e me recarrego de sensações e de afeto. Estou tão de bem com a vida que me parece bobagem escrever. É como se escrever fosse, para mim, a única forma de elaborar a dor, a única forma de esvaziar angústias e que, sem elas, não há palavras.
De repente hoje, me dei conta que posso partilhar também bom humor, um dia feliz, uma energia boa, pois quem me lê aqui tem pra mim grande importância e são totalmente merecedores de boas vibrações.
Nestes últimos tempos entendi que não preciso obrigatoriamente ter uma temática ou escrever frases densas, posso ser simples e ser só isso.
Posso escrever fora do quadrado da gramática e fora do quadrado dos dizeres intelectuais. Posso transitar fora do quadrado da sensatez e dançar por lá sem ritmo ou virar estrelinhas - sentido figurado, pois nunca aprendi a fazer isso :(.
Ou quem sabe telefonar para alguém com quem nunca falo. Ou talvez enviar um email de agradecimento, agradecendo nada, só o fato de estar grata no dia de hoje.
Quem sabe ligo ou faço um desenho, quem sabe danço sozinha na sala ou compro uma roupa laranja e verde limão! Quem sabe leio livros de conteúdo consagrado ou compro uma revista feminina cheia de fotos! Ou como um pote de ambrosia sozinha sentada na sala e vejo um desenho animado.
O que tem que ser feito? O que tem dentro do quadrado? Ainda não sei tudo o que tem dentro do quadrado, pois passo a maior parte do tempo do lado de fora! Também não sei tudo o que tem fora, mas sei que moram os comuns, os que erram várias vezes, os que se ridicularizam de amor, os que choram de rir, os que perdem tudo e todos, os sem cor e os multicoloridos. Fora tem o chaveiro que eu conheço desde criança, o sapateiro, a moça que descasca a maçã da Laura no intervalo do Colégio, os pedreiros do prédio da frente, o cara na parada de ônibus, os tantos outros... Fora tem gente querendo ser visto, tem gente querendo acertar uma vez na vida, tem gente que borboleteia e gente que faz. E dentro? Dentro tem todo esse povo também e outros tantos mais..... e eu transito de dentro pra fora e de fora pra dentro, a cada dia julgando menos, curtindo o que cada um tem para dividir comigo e dividindo com cada um o que tenho de melhor no agora.
Quando todos os de dentro se encontrarem com todos os de fora faremos uma festa do agora e, desde já, estão todos convidados!!
E agora cá estou eu, nada preocupada se estou sendo coerente ou não! Estou sendo meu melhor  e ponto. E que gire o mundo e que ele nos propicie poder falar ou silenciar, estar só ou acompanhada, ser branca, preta ou amarela, magra, gorda, velha ou não, que sejamos gente e que tenhamos gente ao nosso redor.
Porque ter amigos e amores é tudo nessa vida!
E assim foi este dia de domingo igual a tantos outros, mas que me devolveu as palavras e com elas comigo escrevo aqui, conversando com cada um que me lê.
Bárbaro!!
Simples assim!
De bem com a vida!

4 comentários:

  1. Adorei, Sheila! bjs Audrie

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  2. Agora entendi o quadrado!
    Muitos escritores dizem que, para escrever bem, é necessário sofrer. E acho que têm um pouco de razão, pois gente feliz vai viver mesmo.
    E, se sobrar ambrosia, me chama!
    Beijo,

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  3. show, as usual!!! bjo grande do fã de carteirinha!

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  4. Querida, me lembraste Alice no País das Maravilhas, neste texto.
    Dentro e fora do quadrado. Uma ótima metáfora!
    Ás vezes, quando comento teus textos também me sinto dentro...ou fora, por ser mãe, ser a tua mãe.
    Mas o que importa é que dentro ou fora nós estamos por aqui, vivendo como dá e como nos apetece (agora não sei se é apetesse ou apetesce ou ainda apetec) loucuras...

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